Ele caminhava, solitário, sereno, por entre a escuridão de uma mente perdida. Debateu-se durante instantes, como que decidindo qual o caminho a seguir, seria sensato olhar para trás, agora que já começara a caminhar? Este pensamento perseguiu-o enquanto atravessava planícies completamente desertas, escuras, frias, que se estendiam até se perderem de vista. Mas ele prosseguia, solitário, determinado, na sua jornada por um mundo abstracto, não percebia a razão pela qual continuava, incessantemente, passo após passo, silenciosamente.
Sentiu-se como num pesadelo, atingido por uma amargura que transpunha os limites do humanamente suportável, caiu de joelhos, apertou a mão esquerda contra o peito, procurando assegurar-se de que o coração se encontrava em condições. Olhou para cima, angustiado, atordoado pela dor que lhe trespassara o coração e que trespassava ela própria a inteligência, a mente, o espírito. Procurou no céu, negro, algum indício de luz, esperança, afecto, algo que lhe lembrasse da sua antiga vida, algo que lhe mostrasse o caminho, mas não havia nada a não ser o desespero que se fazia sentir à sua volta, e ele praguejava contra este desespero sem perceber que o desespero era o seu desespero, sem perceber que a angustia era sua, que a escuridão residia em si, que aquela mente pela qual caminhava era a sua. Não acreditava que pudesse haver uma carga negativa tão grande em si, ele, que emitia uma aura de bondade e esperança que contagiava quem estivesse perto de si, sempre fora uma pessoa muito sociável, muito prestável.
Chegou a uma bifurcação, sentiu a indecisão assomá-lo de novo, algo que sempre fizera parte de si, indecisão no momento crucial, no ponto de viragem que poderia ditar a diferença entre a luz e a escuridão. Tinha de decidir, sentia-se cada vez mais consumido, angústia, desespero, culpa, sentia um turbilhão de emoções dentro de si, queria gritar, fazer a realidade sentir uma infíma parte do que fluía dentro de si. Esqueceu-se de que a decisão relativa ao caminho que deveria ter tomado já estava feita à muito. Esqueceu-se de que são as escolhas que marcam a diferença. Esqueceu-se que quanto maior for a noite, mais brilhante o dia nascerá, deixou de acreditar, deixou de sentir para cair no desespero para sempre, enclausurado dentro de si próprio, incapaz de amar e de ser amado, incapaz de reconhecer um rasgo de carinho, uma simples concha que tenha perdido a sua pérola, pois a alma havia abandonado o seu corpo.
domingo, 9 de dezembro de 2007
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4 comentários:
parabéns Nézão! tenho de reconhecer o seu poder de imaginação e escrita que é, de facto impressionante da mesma forma que te tornas um orgulho.
beijinho meu rapazinho estranho e solteiro LOl
dammm
profundo..
gostei
filipe
Uma história, nem sempre acaba com a mítica frase: "E foram felizes para sempre".
Nem todas podem acabar "bem". Claro que bem depende do sentido da palavra. Porque, neste caso, acho que a história acabou bem!
=) Boa Nézinho!
"Quanto maior for a noite, mais brilhante o dia nascerá"
..e foste tu q me ensinaste isso (:
O texto ta' demais.
N te esqueças q quando n souberes pea onde ir eu vou tar smp pronta a dar te a mao e ajudar te a escolher o caminho certo.
Tas aqui <3 e n te deixo sair ^^
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